Os entregadores de aplicativos locais registraram avanço nos rendimentos em novembro de 2025, após um período de oscilação e pressão sobre a remuneração da categoria. Dados inéditos do Data Gaudium, núcleo de inteligência da Gaudium, mostram que tanto o ganho por quilômetro quanto o ganho por hora cresceram no último mês, consolidando uma tendência de recuperação gradual após o recuo observado em outubro. O movimento reforça que, mesmo diante de instabilidades no curto prazo, os entregadores que atuam em plataformas regionais seguem em trajetória de recomposição de renda — ainda que em ritmo moderado e diante de custos crescentes.
O estudo considera apenas entregas realizadas por meio de aplicativos locais que utilizam a plataforma Machine, tecnologia desenvolvida pela Gaudium. Assim como no transporte de passageiros, empresas multinacionais não fazem parte do levantamento, o que permite observar de forma mais clara o comportamento dos ganhos em ambientes regionais, onde a remuneração costuma ser mais favorável aos trabalhadores.
Em novembro de 2025, o ganho médio por quilômetro alcançou R$ 2,08, alta anual de 3,48% e variação mensal positiva de 0,97%. A diferença entre o crescimento anual e o mensal indica que a expansão ao longo do ano foi mais consistente do que as oscilações de curto prazo, normalmente influenciadas por sazonalidade, flutuações na demanda e ajustes temporários das plataformas. Ainda assim, o desempenho de novembro reforça que o indicador segue em trajetória de fortalecimento.
O ganho por hora também apresentou melhora. Os entregadores receberam, em média, R$ 36,50 por hora trabalhada — aumento anual de 2,21% e avanço mensal de 2,24%. A recuperação após a queda observada em outubro pode estar relacionada à maior concentração de pedidos em horários específicos, à reorganização de rotas ou a ajustes momentâneos do mercado. Embora o ritmo seja moderado, os dados apontam que, ao menos no curto prazo, há espaço para recomposição da renda.
Segundo Vinícius Guahy, coordenador de conteúdo e comunidade da Gaudium, o avanço simultâneo do ganho por quilômetro e do ganho por hora evidencia que os entregadores vinculados a aplicativos locais seguem em processo contínuo de valorização. “Além disso, o valor pago por plataformas regionais tende a ser maior do que o praticado por apps multinacionais, que operam com margens mais estreitas para os trabalhadores e modelos de remuneração menos vantajosos”, aponta.
Para um setor marcado por forte variabilidade e margens apertadas, a melhora registrada em novembro não elimina os desafios estruturais, mas indica um momento de ajuste, no qual a demanda, a dinâmica urbana e os incentivos das plataformas contribuem para elevar temporariamente a remuneração média. O comportamento dos próximos meses será determinante para entender se essa recuperação se sustenta ou se representa apenas um intervalo dentro de um ciclo mais amplo de instabilidade.
Sobre a Gaudium
Gaudium, dona da Machine, é uma empresa de tecnologia criada em 2011 pelo cientista da computação Bruno Muniz e pelo engenheiro Ricardo Góes. Hoje, a startup é focada nos mercados de mobilidade e logística, e já participou de dois Programas de Aceleração Scale Up da Endeavor. Em 2024, foi destacada na lista do Estadão como uma das 100 empresas mais influentes em mobilidade no Brasil. Além da Machine, a empresa é dona do 55content, o principal veículo sobre aplicativos de mobilidade urbana e delivery do Brasil.