Mobilidade e energia convergem na ETRI 2025: Hyundai aposta no hidrogênio e vê no Brasil um aliado estratégico
Durante conferência do RCGI-USP, Marcos Oliveira apresentou a visão integrada da empresa para acelerar a transição energética, com destaque para a parceria com o RCGI na produção de hidrogênio a partir do etanol.
Durante a 8ª edição da Energy Transition Research & Innovation Conference (ETRI), realizada pelo Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa da Universidade de São Paulo (RCGI-USP), o vice-presidente e diretor de Operações da Hyundai para as Américas Central e do Sul, Marcos Oliveira, apresentou a visão integrada da companhia para consolidar o hidrogênio como o combustível do futuro. A palestra, realizada no dia 5/11, em São Paulo, mostrou que a montadora coreana já atua em toda a cadeia de valor do hidrogênio — da produção ao uso em veículos, trens e sistemas de geração elétrica — e vê no Brasil um parceiro estratégico para essa nova fase da transição energética.
“O hidrogênio é uma prioridade estratégica para a Hyundai. Apesar dos desafios, acreditamos que seu avanço é inevitável. Portanto, essa parceria com o RCGI é exatamente onde queremos estar: gerando conhecimento e fortalecendo parcerias para acelerar essa transformação”, afirmou Oliveira, ao citar os testes de desempenho realizados com o hidrogênio produzido na planta piloto do RCGI que utiliza etanol como matéria-prima.
Marcos Oliveira, da Hyundai (Crédito: Fernanda Ziegler)
A Hyundai mantém uma abordagem que cobre todas as etapas da cadeia de valor do hidrogênio e já comercializou mais de 40 mil veículos movidos a célula de combustível em todo o mundo, além de liderar projetos comerciais nos Estados Unidos e no Uruguai. Nos EUA, a empresa conduz um projeto de descarbonização de portos, que utiliza o ecossistema de hidrogênio da Hyundai para geração de energia, abastecimento e operação de caminhões e transportadores autônomos. Já no Uruguai, empresas do setor madeireiro utilizarão, a partir de 2026, caminhões movidos a hidrogênio desenvolvidos pela marca.
“O caminhão usado no projeto de descarbonização no Uruguai é muito parecido com o que está sendo testado nos portos dos Estados Unidos. No caso uruguaio, empresas do setor de madeira estão apostando no hidrogênio como alternativa limpa. No entanto, o hidrogênio é produzido por eletrólise da água, um processo que exige grande quantidade de energia elétrica, o que representa uma desvantagem. Para viabilizá-lo, é necessário gerar essa energia por meio de painéis solares, armazená-la e então realizar a eletrólise”, explicou Oliveira.
O executivo ressalta que cada método de produção de hidrogênio tem suas vantagens e desvantagens. “E é aí que o etanol se destaca: ele já está amplamente distribuído pelo Brasil, o que facilita a logística e reduz custos. Além disso, o hidrogênio é uma fonte versátil, com potencial para diversas aplicações”, afirma o executivo da Hyundai.
A Hyundai também possui três plantas industriais que produzem hidrogênio a partir de resíduos orgânicos, sendo duas na Coreia e uma em construção na Indonésia, além de centros de pesquisa e inovação na Coreia, Estados Unidos, Índia e Singapura, onde opera uma fábrica conceito vertical dedicada à eletrificação, onde também tem atividades ligadas ao hidrogênio. No Brasil, a empresa participou, no ano passado, de 35 projetos de inovação, apoiados por políticas públicas como o programa Mover, voltados à descarbonização e à mobilidade sustentável.
“A Hyundai quer ser líder global na transição energética, na mobilidade, no hidrogênio e também na geração de energia”, concluiu Oliveira, destacando o potencial do Brasil nesse cenário.
Sobre o RGCI-USP – O Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da USP é um Centro de Pesquisa em Engenharia, criado em 2015, com financiamento da FAPESP e de empresas por meio dos recursos previstos na cláusula de P,D&I dos contratos de exploração e produção de petróleo e gás. Atualmente estão em atividade cerca de 60 projetos de pesquisa ativos (em um histórico de 120), ancorados em oito programas: Solução Baseada na Natureza (NBS – Nature Based Solution); Captura e Utilização de Carbono (CCU – Carbon Capture and Utilization); Bioenergia, Captura e Armazenamento de Carbono (BECCS – Bioenergy with Carbon Capture and Storage); Gases de Efeito Estufa (GHG – Greenhouse Gases); Advocacy (Normalização, Regulamentação e Percepção Social); Núcleo de Inovação em Sistemas de Energia (InnovaPower); Descarbonização; e Centro 2 Centro (projetos em colaboração direta com centros de pesquisa dos Estados Unidos). O RCGI também possui um hub de pesquisa, o Geostorage, dedicado ao armazenamento em larga escala de energia e CO2. O centro, que conta com cerca de 800 pesquisadores, mantém colaborações com diversas instituições, como Oxford, Imperial College, Princeton e o National Renewable Energy Laboratory (NREL).